Porque tudo tem um início, vamos iniciar o acompanhamento do percurso do Pedro por onde começou. E para isso, ninguém melhor que os pais dele para nos ajudarem a perceber como ele “nasceu” para a natação.
PA#1 – Muitos jovens começam a praticar natação, por motivos de saúde ou prática desportiva recomendada por médicos pediatras. Foi isso que aconteceu com o Pedro?
» Não, felizmente nunca se tratou de motivos de saúde mas opção nossa possibilitar aos nossos filhos a pratica desportiva de uma modalidade bastante completa e saudável.
PA#1 – Com que idade ele começou?
» Aos 3 Anos, começou a ir a aulas ao sábado na Piscina do GesLoures em Odivelas, com o objectivo de aprender a nadar e poder superar medos da agua habituais nestas idades. Depois frequentou aulas do colégio até aos 7 anos onde um professor de natação (do colégio e do Sporting) verificou no Pedro algum potencial para a modalidade apesar de possuir alguns vícios de postura incapazes de corrigir numa disciplina extracurricular. Foi nesta altura que começou a frequentar natação no Sporting três vezes por semana, começando a apurar a técnica e a desenvolver a atitude competitiva, graças a um empenho muito grande de todos os professores envolvidos na modalidade.
PA#1 – A partir de que idade ele começou a mostrar potencial para a prática desportiva e deixou de ser “desporto” para ser “competição?
» Após a passagem da pré-competição para a competição (cadetes)
PA#1 – Quem foi o treinador que mais marcou o Pedro?
» O treinador Carlos Pereira (treinador de cadetes no Sporting), foi ele que incentivou o Pedro a encarar a modalidade da natação com maior dedicação, trocando as aulas do colégio por aulas ao nível de clube com escola da modalidade.
PA#1 – Porque se deu a saída do Sporting, que tem acumulado títulos na natação em Portugal?
» Por uma tentativa de mudar algo na altura, o Pedro tinha 14 na altura e ao fim de sete anos estava a existir alguma vontade de procurar novos desafios, e explorar novas oportunidades, para poder manter o interesse na modalidade, pois nestas idades é costume quererem desistir para tentar outras opções desportivas inclusive. Deu-se assim o ingresso na equipa do Benfica ainda em construção após um período algo complicado da modalidade do clube e como tal uma aposta na mudança com novas perspectivas e desafios.
PA#1 – O Pedro tem uma irmã, a Inês, também atleta do SLBenfica. O percurso da Inês tem sido semelhante?
» Sim de certa forma. A Inês iniciou também com 3 anos mas assim que o Pedro começou a frequentar as aulas no Sporting passou também a frequentar aulas no Sporting, por em termos logísticos, ser mais fácil para os pais.
PA#1 – A natação é, talvez, dos desportos mais exigentes em termos de dedicação, entrega e esforço. Como é o dia-a-dia do Pedro (e da Inês)?
» Quando têm treinos matinais, levantam-se um pouco antes das 6 da manha, afim de estarem a trinar das 6:30 as 7:30. Pelas 8:00, vão para a escola (entram as 8:15) e saem as 13:15 para almoçar. Três vezes por semana almoçam com os pais (existe a necessidades de evitar certo tipo de alimentação nociva à pratica desportiva),uma ou duas vezes por semana (se não tiverem aulas de tarde) frequentam aulas de apoio externas (suportadas pelos pais) num centro perto da escola. Pelas 17:30 vão para o Benfica onde iniciam treino físico em ginásio, seguido de treino em piscina. Costuma terminar o treino pelas 20:45 e chegam a casa pelas 21:15 para jantar, estar um pouco com os pais ou acertar algum pormenor escolar, preparam o equipamento para o dia seguinte e deitam-se pelas 22:30/23:00 completamente esgotados. Aos fins de semana, treinam aos sábados ás 6:30 ou ás 7:00, ou a maioria das vezes estão envolvidos em campeonatos, meetings, ou outras provas que por norma ocupam o fim de semana todo das 8:00h ás 19:00h.
PA#1 – Como se consegue compatibilizar a vida profissional dos pais com o acompanhamento da vida desportiva destes dois atletas?
» É muito difícil e complicado mas felizmente no caso do Pedro (e da Inês) os pais tem alguma facilidade de deslocação e acompanhamento por serem empresários terem o local de trabalho relativamente perto da escola e do local dos treinos e isso possibilita estarem mais perto.
PA#1 – Nunca pensaram desistir (os pais ou os filhos)? Sendo um desporto individual, nunca houve tentação para desistir nos momentos menos bons?
» Sim, algumas vezes. Tanto pais como filhos por vezes já pensamos em desistir. Por vezes é complicado para os pais não ter tempo para sociabilizar e estar tão dependente das necessidades de acompanhamento e deslocação dos filhos. Eles por vezes andam muito cansados e sem capacidade de poder desenvolver mais as suas necessidades escolares, ou também eles sem tempo para sociabilizar como a maioria dos outros miúdos da idade deles. Mas por outro lado depois aparecem os resultados fruto do esforço do trabalho e dedicação de ambos e com muito orgulho dos pais há sempre mais uma força para levar tudo em frente novamente.
PA#1 – O tio do Pedro também foi atleta no Benfica, ainda que nunca tenha tido um percurso competitivo semelhante ao do Pedro e da Inês. Em que medida ele contribuiu para a evolução do Pedro e da Inês, nem que seja para não cometerem os “erros de percurso” dele?
» Contribuiu, de forma bastante positiva, quer a nível emocional, quer a nível motivador.
PA#1 – O maior objectivo do Pedro Agostinho são os jogos Olímpicos em Londres já em 2012. Ele terá, nessa altura 20 anos e estará no início do ponto alto da carreira de um nadador (dos 20 aos 24 anos). Não é um objectivo demasiado ambicioso?
» Não, trata-se apenas de um objectivo e como tal, uma forma de tentar alcançar algo. O Pedro é campeão Nacional absoluto dos 50B em piscina de 25m, está perto dos tempos dos recordes nacionais aos 100B e estando apenas no seu primeiro ano de Júnior é normal ter por ambição estar em forma aos 20 anos para poder dar o seu contributo por Portugal nos JO2012.
PA#1 – Em que prova ou provas terá o Pedro Agostinho a maior ambição para estar presente nos JO2012?
» Aos 100 Bruços e 200 Bruços... para já (risos)
PA#1 – Se atingir esse objectivo, como todos desejamos, seria um sonho atingível ter os dois irmãos em 2018 nas olimpíadas?
» Esperemos que sim, seria o coroar de muito dias e anos de dedicações e privações quer para eles como atletas, estudantes e filhos quer para os pais.
PA#1 – Antes de atingir os JO, o Pedro dará uma nova dimensão ao seu ainda curto percurso internacional, com presenças em Campeonatos da Europa e do Mundo. Os pais e família estão preparados para acompanhar esses desafios, dada a importância que é para um atleta a presença física de uma referência nas provas?
» Em principio a presença dessas provas são o principal objectivo do Pedro para os próximos tempos (também da Ines, mas uma lesão demorada complicou a época por inteiro). Quanto aos pais, têm procurado estar presentes na maioria das competições que ambos procuram conquistar, seja em Portugal pelo Benfica ou no estrangeiro com a Selecção Nacional, pois é fundamental para eles sentirem-se bem apoiados.
PA#1 – Quem é a referência do Pedro Agostinho no seu percurso desportivo? Quem funciona como grande motivador e orientador do Pedro?
» A referencia do Pedro enquanto criança foi um colega e hoje grande amigo do Sporting, ambos têm um percurso muito semelhante na natação portuguesa, com a conquista de vários campeonatos nacionais e representações internacionais com a selecção. Actualmente o Pedro tem como referencia desportiva um atleta uma atleta de garra força e dedicação impressionantes, Rafael Nadal (ténis). O grande factor motivador e orientador para o Pedro actualmente , é sem duvida o seu treinador Mário Madeira e a família.
Obrigado aos pais do Pedro Agostinho por nos terem concedido esta pequena entrevista e nos dar a conhecer um pouco mais do Pedro.
Seguir-se-ão novas entrevistas com o treinador Carlos Pereira, com o actual treinador Mário Madeira, com o avô e terminaremos com o Pedro Agostinho, não sem antes tentarmos obter algumas palavras do ex-colega no Sporting (Alexis Santos) e do tio do Pedro Agostinho, o ex-nadador Artur Agostinho.
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